Investigado por esquema de ações fraudulentas no RS, foragido estava a bordo de caminhonete Hilux e teria atravessado três estados com objetivo de cruzar fronteira
O advogado investigado por movimentar R$ 50 milhões com fraudes judiciais recebeu auxílio de um amigo e atravessou pelo menos três estados enquanto fugia das autoridades. De acordo com a Polícia Civil, apesar de ter sido capturado no entorno da fronteira com o Paraguai, ele teria outro país vizinho, o Uruguai, como destino final.
A fuga teve duração de exatos sete dias. Depois de chegar em Porto Alegre na madrugada desta sexta-feira, o suspeito foi transferido ao Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), onde passará por audiência de custódia.
Na terça-feira, uma equipe da 2ª DP de Porto Alegre havia pousado em São Paulo na tentativa de encontrar o fugitivo. Era ali, até então, o último local de passagem conhecido do homem, que foi o alvo principal da Operação Malus Doctor, na semana passada.
Mesmo após a ofensiva, ainda havia expectativas do advogado se entregar de forma voluntária na Capital. A polícia não teve mais notícias dele a partir da última sexta, quando uma ordem de prisão preventiva foi decretada e ele passou a ser considerado foragido.
As diligências na capital paulista levaram a 2ª DP a buscar um amigo de infância do suspeito, mas ele também não foi localizado na ocasião. Para os agentes, o outro atuava como comparsa e tinha o intuito de transportar o investigado até uma área de fronteira.
Ocorre que o fugitivo estava judicialmente proibido de sair do país, ou seja, as informações dele também constavam no sistema de alerta da Polícia Federal e em postos de imigração. Já na quarta-feira, a ação integrada deu resultados e os primeiros indícios de movimentação começaram a surgir no radar.
A apuração das forças dava conta que o advogado tripulava uma caminhonete Toyota Hilux e que o veículo pertencia ao tal amigo de infância dele, que, por sua vez, desempenhava o papel de motorista. Naquele momento, a dupla já estava fora de São Paulo e adentrava no perímetro de Goiás.
Os dois seguiram o trajeto interestadual e, na quinta-feira, entraram no Mato Grosso do Sul e seguiram no automóvel em direção à fronteira com o Paraguai. O fim da linha aconteceu no município de Dourados, com os amigos sendo identificados em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Conforme o relato dos policiais que estavam na ocorrência, o advogado não ofereceu resistência, mas teria alegado que pretendia ir a Porto Alegre para cumprir a ordem de prisão voluntariamente. A justificava, entretanto, não encontra eco na investigação oficial.
O trabalho da 2º DP indica que ambos, advogado e comparsa, pretendiam chegar em Ponta Porã, na divisa com o Paraguai, onde atravessariam para Pedro Juan Caballero. Não é descartado que o objetivo deles fosse obter documentos falsos na cidade paraguaia. Depois, a suspeita dos investigadores é que o advogado seguiria ao Uruguai, onde poderia permanecer escondido com uma nova identidade.
De acordo com o delegado Vinícius Nahan, uma investigação também vai recair sobre o amigo do advogado. O comparsa teve registrado contra si um Termo Circunstanciado de Ocorrência, mas vai responder em liberdade.
“Em relação ao foragido, a prisão preventiva dele foi decretada com base em elementos robustos de prova. Mesmo se tivesse conseguido fugir através da fronteira, ele teria os dados incluídos no alerta vermelho da Interpol”, pontua Nahan.