São cumpridos nove mandados de busca e apreensão, sendo oito deles em Porto Alegre e Região Metropolitana. Empresas teriam ajustado as propostas para obter a contratação dos serviços junto ao Dnit
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (8), operação de combate a crimes licitatórios, cartel e organização criminosa. A ação investiga fraudes em contratos de consultoria destinados à reconstrução de rodovias federais afetadas pela enchente de 2024 no Rio Grande do Sul.
Os contratos sob suspeita são de três empresas de engenharia com sede no Estado. A PF não dá detalhes sobre os investigados, mas Zero Hora apurou que as empresas investigadas são: Magna Engenharia, Ecoplan Engenharia e STE Serviços Técnicos de Engenharia.
A investigação é da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor) da PF.
As empresas teriam combinado previamente suas propostas para vencer licitações junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Os contratos seriam destinados à prestação de serviços de engenharia consultiva, com foco na elaboração de anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos de engenharia para rodovias federais afetadas pela enchente.
O valor dos três contratos de consultoria ultrapassa R$ 72 milhões, que foram custeados com recursos federais provenientes de créditos extraordinários, vinculados à reconstrução do Estado.
São cumpridos nove mandados de busca e apreensão, sendo oito deles em Porto Alegre e Região Metropolitana, e outro no Distrito Federal. A ofensiva conta com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em nota emitida na manhã desta quarta-feira, a CGU registrou que “Os fatos investigados podem impactar diretamente as obras de recuperação da malha rodoviária federal no Rio Grande do Sul, uma vez que o crime de cartel prejudica a concorrência, podendo elevar os preços e restringir a oferta de produtos e serviços”.
O Cade também se manifestou por meio de nota:
“A investigação teve como origem análise realizada pela Delecor/RS, da Polícia Federal, que identificou atuação coordenada de três empresas de engenharia com sede no Rio Grande do Sul. A conduta teria ocorrido em licitações realizadas para mitigar os efeitos da catástrofe climática ocorrida no Estado, que provocou enchentes durante os meses de abril e maio de 2024”.
A reportagem fez contato com as três empresas investigadas e espera manifestação.