As lições de quem sobreviveu à altitude que podem servir ao Inter contra o Bolívar - Agora Já -

As lições de quem sobreviveu à altitude que podem servir ao Inter contra o Bolívar



Manter a bola e aproveitar os espaços será fundamental para reduzir o desgaste

Foto: AIZAR RALDES / AFP
16 de agosto de 2023

Que é difícil enfrentar o Bolívar (e qualquer outro boliviano) em La Paz todos já sabem. As estatísticas estão aí para provar: em 40 jogos de brasileiros em cima da montanha, 21 terminaram com vitória dos locais.

A altitude influencia no desempenho físico, na bola e no estilo. Apresentados os clichês, vale dizer: é possível ganhar ou empatar nos 3,6 mil metros da capital constitucional boliviana. Há lições que o Inter pode tirar com quem conhece bem as dificuldades desse duelo antes do entrar em campo pelas quartas de final da Libertadores.

Os primeiros jogos de brasileiros por lá tiveram dificuldade, mas a qualidade se superava. O Santos de Pelé e o Palmeiras de Oswaldo Brandão venceram o Deportivo Municipal nas Libertadores de 1963 e 1974.

Faz 40 anos desde a primeira vitória dos bolivianos: 3 a 1 sobre o Flamengo. Mais recentemente, porém, a dificuldade aumentou: quando caiu a qualidade técnica dos times brasileiros, foi necessário superá-los também fisicamente. O Bolívar, por exemplo, só perdeu duas vezes em casa no Hernando Siles (a última em 2021 para o Palmeiras de Abel Ferreira).

Uma vez que não é possível se aclimatar, reduzir os danos da altitude é fundamental. O Inter está tomando as providências mais óbvias: viajar para Santa Cruz de la Sierra (a 450m acima do nível do mar) e só ir para La Paz horas antes do jogo. Adaptará a alimentação dos atletas. Afora isso, terá de criar sistema tático que reduza a velocidade do jogo.

O zagueiro Fernando Martelli, brasileiro radicado na Bolívia há mais de 10 anos, já usou a altitude a seu favor. Histórico jogador do The Strongest (238 partidas, 23 gols), ele sabe que o fator local pesa. Acompanha o Bolívar de perto. E avisa:

— Eles normalmente saem a pressionar desde o primeiro minuto. Não deixam respirar, marcam alto. E também jogam rápido, não perdem tempo com lateral e escanteio. Precisa estar atento a isso.

Fernando, que atualmente defende o Nueva Santa Cruz, de Santa Cruz de la Sierra, tem uma dica que Eduardo Coudet pode aproveitar:

— A ordem tática defensiva do Inter vai ser muito importante. Tem de manter as linhas juntas, evitar dar espaço aos volantes e aos extremas do Bolívar. A qualidade deles está ali. Não pode deixar que sejam abastecidos. Por outro lado, eles dão espaço para contra-ataque, e a defesa é lenta para recompor. O outro problema é na bola parada.

Isso é boa notícia para o Inter. O River Plate tinha o mesmo problema, e a equipe gaúcha soube aproveitar bem. Foram três gols com origem em bola parada que classificaram os colorados.

Recentemente, o Ceará foi à Bolívia e se deu bem. Nas Copas Sul-Americanas de 2021 e 2022 coube ao clube duas viagens para La Paz. E saiu invicto de ambas. Mais: além de empatar com o Bolívar, ganhou do The Strongest.

Diante do Bolívar, a vitória só não saiu porque o Ceará ainda desperdiçou um pênalti. André Luiz, histórico defensor colorado, era o auxiliar técnico de Guto Ferreira naquela partida. Ele recorda que o time também adotou a estratégia de viajar para La Paz apenas na hora do jogo. E que isso ajudou a reduzir os problemas de adaptação de alguns atletas. Outros tiveram mais dificuldades. Durante o jogo, a equipe teve uma orientação.

— Queríamos ficar com a bola. Ter a posse ajuda a reduzir o desgaste. E também instruímos a chutar. A bola flutua mais — recorda.

De fato, a bola foi o que fez mais diferença para o ex-lateral Nei, que estava no Inter em 2012, na única vez que os colorados foram a La Paz e voltaram sem derrota. No empate em 1 a 1 com o The Strongest pela Libertadores (gol de Gilberto no final), a memória do agora técnico de futebol é de não ter dificuldade para respirar. Mas a bola…

— Fica tudo rápido. Errávamos mais passes até conseguirmos nos adaptar. Alguns jogadores até sentiram problemas. Comigo, era a bola. Para chutar era melhor — fala.

Para ele, porém, não é preciso fazer tantas mudanças no time:

— Falando como treinador. Meu estilo é de posse de bola. Tem de jogar como está acostumado. Mudar lá é pior, é um convite ao erro.

Então estão aí as dicas. Para sobreviver à altitude, ficar com a bola, evitar correr errado e arriscar de longe. Para enfrentar o Bolívar, não dar espaço na marcação e aproveitar os contra-ataques e a bola parada. Agora é só colocar em prática na terça-feira.

Fonte : GZH 
Foto : AIZAR RALDES / AFP

 


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