Depoimento de sobrevivente deve ajudar a elucidar caso de médico envolvido em perseguição policial que resultou em mortes no Litoral Norte - Agora Já -

Depoimento de sobrevivente deve ajudar a elucidar caso de médico envolvido em perseguição policial que resultou em mortes no Litoral Norte



Investigação tenta esclarecer por que Cristiano Ebert fugiu em alta velocidade após pedir ajuda da BM. Companheira dele era passageira da caminhonete e teve ferimentos leves

Foto: Acidente na RS-786 deixou dois mortos, em circunstâncias ainda sob investigação. Polícia Civil / Divulgação
31 de julho de 2025

A companheira do médico Cristiano Ebert, 39 anos, morto na quarta-feira (23) em acidente de trânsito na RS-786, em Imbé, no Litoral Norte, teria passado mal durante a madrugada que antecedeu a tragédia. No início da manhã daquele dia, a mulher, 35 anos, e Ebert embarcaram em uma caminhonete Dodge Journey em busca de atendimento de saúde.

— Ainda não se sabe o que ela teve na madrugada. Foi instaurado o inquérito e vamos ouvir a companheira dele na semana que vem. No dia do acidente, a equipe conversou com ela no hospital, enquanto estava em atendimento. Os ferimentos eram leves, mas ela estava atordoada e não lembrava muita coisa — diz o delegado Rodrigo Nunes, titular da Delegacia de Polícia de Imbé.

Ele afirma que pretende concluir o inquérito até o dia 1º de agosto, após tomar os depoimentos da companheira e de um motorista de caminhão atingido pela caminhonete. O delegado também aguarda os resultados dos exames toxicológico e de alcoolemia de Ebert, além de imagens de câmeras de segurança que foram requisitadas.

O acidente causou ainda a morte do servidor público municipal William Juliano Pereira Pinós, 33. A caminhonete conduzida pelo médico capotou, invadiu a pista contrária e atingiu a moto que Pinós pilotava, no sentido oposto.

— Apesar dos nossos esforços, não terá indiciamento criminal porque quem deu causa e praticou o crime faleceu no local. É uma extinção de punibilidade — antecipa o delegado.

Na manhã de quarta-feira, minutos antes do sinistro, Ebert parou o veículo e abordou uma viatura da Brigada Militar na ponte Giuseppe Garibaldi, na divisa entre Tramandaí e Imbé. O médico disse que a companheira, sentada no banco do passageiro, havia sofrido um acidente doméstico e precisava ser conduzida com urgência ao pronto-atendimento. Os brigadianos relatam que escoltaram o veículo até uma uma unidade de saúde de Imbé.

Ebert teria apresentado agitação ao abordar a guarnição, mas em tom compatível com alguém que enfrentava emergência de saúde. Depois, a condução foi descrita como normal até a unidade de atendimento. Ebert estacionou no local destinado às ambulâncias, mas ninguém desembarcou.

— Ele cantou pneu e saiu acelerando. Isso causou estranheza e gerou o início da perseguição — comenta Nunes.

O médico percorreu, em fuga, cerca de oito quilômetros na RS-786. No bairro Albatroz, em Imbé, ele estaria em alta velocidade quando avançou sobre um quebra-molas. A caminhonete alçou voo, colidiu contra a traseira de um caminhão, capotou, invadiu a pista contrária e acertou o motociclista.

O que o casal fazia no Litoral Norte e o motivo da aparente fuga após chegarem à unidade de saúde são respostas que o delegado pretende obter ao colher novo depoimento da companheira. O relacionamento deles seria recente, de menos de um ano.

A mulher estava de cinto de segurança e sofreu um corte superficial no pescoço. Ela recebeu atendimento e foi liberada.

— O carro do Cristiano (médico) é bem seguro, tem vários air bags. Ele só veio a óbito porque estava sem cinto de segurança e foi projetado para fora do veículo. O corpo ficou próximo à caminhonete — diz o delegado.

Médico tinha clínica em Barra do Ribeiro

A reportagem procurou familiares do médico, mas eles informaram não estar em condições emocionais de comentar o caso em razão do luto e da perda repentina. Clínico geral, Ebert era sócio de uma clínica em Barra do Ribeiro. A prefeitura de Tramandaí informou que ele não prestava atendimento em plantões no município, seja no hospital ou em postos de saúde.

A família de William Pinós também foi procurada, mas preferiu não se manifestar, devido ao abalo emocional. Ele era servidor concursado da Secretaria Municipal de Obras e Viação de Imbé desde 2022, no cargo de oficial geral de manutenção. Pinós deixou esposa e quatro filhos, de sete, cinco e três anos, e um bebê de sete meses.

Fonte : GZH 
Foto : Polícia Civil / Divulgação

 


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