Destaque da base no vice brasileiro sub-17, Lucca Jaques fala à Zero Hora sobre a relação com o pai e os próximos passos no Tricolor
Foto: Destaque do sub-17, Lucca é o caçula de Rafael Jaques, reserva do time comandado por Felipão entre 1994 e 1995.
Everton Silveira / Reprodução O sobrenome remete a um dos capítulos mais vitoriosos da história do Grêmio.Trinta anos depois do título da Libertadores de 1995, o filho de um dos campeões da América escreve com dribles, assistências e gols sua própria trajetória no clube.
Aos 17 anos, Lucca Jaques encerra 2025 em evidência na base gremista e já olha para 2026 como um ano importante para careira. Passo a passo, mas mirando alto: mais destaque na base e almejando oportunidade entre os profissionais.
Autor de gols importantes no vice-campeonato do Brasileirão sub-17 deste ano, o atacante é o caçula de Rafael Jaques, reserva do histórico time comandado por Felipão nos anos 1990. Ambos concederam entrevista para a Zero Hora no Natal de 2025.
Assim como o filho, Jaques também viveu esse período de transição no Grêmio. Promovido ao elenco profissional em 1994, integrou o grupo que conquistou o bicampeonato da Libertadores, em 1995, ainda que sem o mesmo protagonismo de outros nomes daquele time. Mesmo como reserva de Jardel, deixou sua marca: fez um dos gols da vitória por 2 a 0 sobre o El Nacional, na fase de grupos.

A relação entre os dois vai além do sobrenome. Gremistas de coração, os dois compartilham experiências semelhantes dentro do Tricolor em épocas diferentes.
Hoje técnico (sem clube atualmente) — comandou o São José no acesso à Série C em 2018 —, o pai não esconde o lado emocional de torcedor, mas busca atuar como conselheiro constante do filho. Isso desde que Lucca e seu irmão mais velho, Enzo, eram pequenos:
— Eu treinei eles desde pequenos, não sabia se iam jogar, mas treinei. Ontem (véspera de Natal) fizemos (Jaques e Lucca) um treinamento de finalização e cabeceio, sempre sem exceder. Ele me pede pra fazer algum tipo de trabalho de finalização, perna direita, perna esquerda, cabeceio…
Lucca corrobora:
— Tudo que eu sei dentro de campo passa por ele. O feeling que o centroavante tem que ter, principalmente. Aprendi com ele desde pequeno, me treina fundamentos, cabeceio e finalização.

A identificação da família com o Grêmio vem de longa data.
— O Lucca, quando era pequeno, chorava se o Grêmio perdia. Se o Grêmio ganhava, ele pulava e era só alegria.
Frequentador da Arena desde criança, o jovem descreveu com brilho nos olhos a emoção de atuar no estádio na final do Brasileirão sub-17, em outubro:
— Quando a gente entrou em campo no hino, e a torcida começou a tocar, eu me arrepiei dos pés à cabeça.
Naquele dia, ele foi protagonista na goleada por 4 a 1 sobre o Atlético-MG, com dois gols. Ao todo na temporada, somou 1.419 minutos em campo e balançou as redes 12 vezes em 24 jogos.
Meu jogo é mais em direção ao gol, fazer facão, corrida, velocidade, atacar o espaço.
LUCCA JAQUES
Centroavante da base do Grêmio
E os números seriam melhores se não fosse uma lesão muscular na panturrilha no início de 2025, que o tirou dos campos por cerca de dois meses. Com isso, perdeu um pouco de espaço na equipe, com a ascensão de companheiros de posição, como João Borne.
Questionado sobre seus objetivos na carreira, Lucca, enquanto o seu pai o admirava com olhar orgulhoso, é direto:
— Meu sonho é estrear no profissional na Arena. E conquistar títulos pelo Grêmio.
Em campo, Lucca se define como um atacante de mobilidade, velocidade e ataque aos espaços, características que contrastam com as do pai:
— Meu jogo é mais em direção ao gol, fazer facão, corrida, velocidade, atacar o espaço. Acho que ainda preciso melhorar meu pivô, mas tudo é questão de tempo.
— Ele tem uma característica diferente da minha. É um jogador muito mais móvel, de atacar profundidade, atacar espaço — reforça Jaques.
E como controlar a ansiedade pela chegada aos profissionais?
— Esse processo é gradativo. As pessoas que estão no clube vão saber o momento. Vejo que o Lucca tá mais amadurecido do que eu estive. Ele amadureceu muito nesse ano — destaca o pai.
As pessoas brincam que ele é melhor que eu. Fico é feliz e orgulhoso. A gente como pai quer que os filhos seja melhores sempre.
RAFAEL JAQUES
Pai de Lucca e atacante do Grêmio nos anos 1990
Acima de qualquer expectativa imediata, mas com muita cautela, o desejo de Jaques é que o filho construa uma trajetória maior do que a sua no futebol:
— As pessoas brincam que ele é melhor que eu. Fico é feliz e orgulhoso. A gente como pai quer que os filhos seja melhores sempre. Se ele for um milhão de vezes melhor que eu, eu vou ficar mais orgulhoso ainda.

Lucca só completa 18 anos em julho de 2026. Pela idade, o Tricolor deve utilizá-lo na Copa Santiago, que envolve a categoria sub-17 e será disputada já em janeiro.
Com a chegada de Luís Castro, conhecido por dar espaço a jovens promessas, o atacante se empolga com a possibilidade de subir ao profissional e acredita estar pronto para o desafio. Até lá, no entanto, Lucca garante seguir concentrado no dia a dia da base, tentando transformar em campo o sonho que carrega desde criança — o mesmo que um dia moveu o pai, mas que agora ganha contornos próprios.
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