Mesmo com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de suspender a greve dos fiscais agropecuários nas regiões de fronteira, a liberação de cargas ainda não está normalizada nas aduanas. Segundo relatório parcial do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), pelo menos 185 carretas seguiam com cargas retidas até a tarde desta terça-feira, em quatro pontos do Estado: Aceguá, Uruguaiana, São Borja e Jaguarão.
A liminar obtida pelo governo federal na sexta-feira ordena que a liberação de cargas seja normalizada em até 72 horas. Mas o delegado do sindicato no Rio Grande do Sul, João Becker, afirma que o prazo não deve ser cumprido devido à falta de efetivo.
– A greve fez com que houvesse um acúmulo de serviço. Se já não tínhamos efetivo antes para cumprir a demanda, agora é óbvio que não vamos conseguir dar conta de todo esse trabalho em tão pouco tempo. Mais do que a questão salarial, a defasagem de efetivo é o que mais preocupa – explica Becker.
Além da greve dos fiscais agropecuários, a Anffa Sindical também credita o acúmulo de cargas à paralisação dos fiscais da Receita Federal e da Anvisa.
Anvisa mantém apenas serviços essenciais
Serviços considerados essenciais, prestados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estão sendo mantidos no Estado, mesmo com a greve dos funcionários do órgão. Ao lado de São Paulo e Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul é um dos estados onde a adesão à paralisação é maior.
Os grevistas afirmam que estão cumprindo a determinação da Justiça, de manter 70% dos servidores trabalhando a pleno. De acordo com a especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Anvisa, Úrsula Gottschald, os postos do aeroporto Salgado Filho e do porto de Porto Alegre estão com os funcionários em greve.
– É muito importante ressaltar que as ações essenciais estão mantidas, mesmo por funcionários em greve. Produtos de assistência médico-hospitalar, remédios e alimentos perecíveis estão sendo liberados – explica Gottschald.
Fiscais de outras cidades foram deslocados pela Anvisa para o posto de Uruguaiana, onde os funcionários também aderiram à greve. Já em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, onde a paralisação estaria afetando a distribuição de medicamentos, a especialista afirma que a falta dos remédios não tem relação com a paralisação.
– O Porto Seco da cidade não possui autorização para armazenar medicamentos pela Anvisa e, portanto, não é responsável pelo desabastecimento de remédios na rede de saúde do município – afirma.