Animais estavam divididos em dois galpões do aviário. A maioria das galinhas morreu, enquanto as restantes foram sacrificadas
Uma granja de Montenegro, no Vale do Caí, foi o foco de gripe aviária em atividade comercial no Rio Grande do Sul. A propriedade é destinada à criação de galinhas matrizes, ou seja, para a produção de ovos férteis (aqueles comercializados para desenvolver animais de corte).
Ao todo, cerca de 17 mil animais estavam em dois galpões da granja. No primeiro espaço, 100% das galinhas morreram. No segundo galpão, a mortalidade foi de 80%. As aves remanescentes foram sacrificadas.
Os ovos que saíram da granja foco estão sendo rastreados, para que possam ser eliminados. Os produtos já foram movimentados dentro e fora do Rio Grande do Sul.
A informação foi confirmada por autoridades do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) durante entrevista coletiva, no final da manhã desta sexta-feira (16), em Porto Alegre.
O secretário da Agricultura, Edivilson Brum, destacou que as providências foram tomadas de maneira célere.
— Tivemos no passado questões de Newcastle (doença aviária de gravidade semelhante) em Anta Gorda, o que serviu de laboratório para o enfrentamento agora.
Representantes da Secretaria Estadual da Saúde (SES), do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) e da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) também participaram da coletiva.
As entidades afirmam que se preparavam desde 2006 para esta possibilidade, quando a doença passou a circular com mais força no mundo.
— Se tem um aprendizado sobre como trabalhar com a doença. O Brasil foi o país que mais tempo conseguiu manter a produção comercial livre depois da detecção em aves silvestres. Temos um conjunto de compromisso com os parceiros comerciais, e isso envolve uma sequência de ações e comunicados — diz José Cleber Dias de Souza, superintendente do Mapa no RS.
No Estado, o mês de maio já era considerado um período de risco em razão da circulação de aves silvestres neste período do ano.
— Não fomos pegos de surpresa. Sabíamos que, provavelmente em maio, poderia ter caso de ocorrência devido ao movimento de aves migratórias nesta época — afirma Márcio Madalena, secretário adjunto da Agricultura.
Além do caso de Montenegro, foi confirmada a contaminação de aves silvestres no Zoológico de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. O surto vitimou 90 das 500 aves aquáticas do espaço, principalmente cisnes e patos.
Contudo, segundo Ananda Kowalski, coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola da Seapi, episódios de gripe aviária em animais silvestres são mais comuns.
— No caso das aves silvestres, é esperado, porque o vírus circula nas Américas também. Na verdade, a nível mundial — diz Ananda.
O Zoológico foi fechado para visitações, e o espaço destinado às aves foi isolado.
O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou nesta sexta-feira (16) a detecção de um caso de influenza aviária em aves comerciais do Estado.
Trata-se do primeiro caso encontrado em granjas comerciais do Brasil. Em razão disso, foi decretado estado de emergência zoossanitária por 60 dias.
Desde 2006, ocorre a circulação do vírus, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa, mas não havia foco em aves comerciais no Brasil.
Segundo a pasta, o caso da doença foi detectado em Montenegro, no Vale do Caí. O nome e a localização da propriedade onde foi detectado o caso não estão sendo divulgados.
O governo alerta que não existe risco de transmissão da doença pelo consumo da carne ou de ovos.
Já “o risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas”, diz trecho da nota do ministério.
As medidas previstas no plano nacional de contingência já começaram a ser adotadas. O objetivo é conter a doença, garantir a segurança alimentar e evitar qualquer impacto na produção.
A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do detalhou as medidas que estão sendo tomadas neste momento:
O caso traz importante impacto financeiro para o Brasil e o Rio Grande do Sul, terceiro maior exportador de carne de frango entre os Estados.
A venda do produto do país para a China fica suspensa por 60 dias. O embargo temporário e automático está previsto no protocolo de exportação entre os países.
Apesar de a China, principal comprador do produto brasileiro, suspender a importação de frango do país inteiro, outras nações restringirão as compras apenas do Estado onde o foco foi encontrado — no caso, o RS.
O ministro Carlos Fávaro disse que cálculos ainda precisam ser feitos para se ter uma dimensão do problema. De acordo com ele, contêineres que estão em trânsito de exportação não têm o fluxo afetado.
No primeiro trimestre, o Rio Grande do Sul teve alta nas exportações de carne de frango, conforme informações da colunista Gisele Loeblein. A China, por sua vez, já não vinha comprando do Estado desde julho do ano passado. Na ocasião, foi encontrado foco da doença de Newcastle em Anta Gorda, no Vale do Taquari.