Polícia de Caxias tenta identificar vítimas torturadas em esquema de agiotagem; vídeos mostram agressões com choque, taco e arma - Agora Já -

Polícia de Caxias tenta identificar vítimas torturadas em esquema de agiotagem; vídeos mostram agressões com choque, taco e arma



Imagens foram localizadas no celular de um homem de 47 anos identificado como o agressor pela polícia. Investigação aponta que agiotas vendem dívidas para organizações criminosas

Foto: Reprodução / Reprodução
28 de outubro de 2025

A Polícia Civil tenta identificar vítimas que foram torturadas em cobranças de dívidas em Caxias do Sul. O objetivo da investigação é desmantelar um esquema de agiotas e organizações criminosas que agem no município com métodos de acerto cada vez mais violentos.

Um homem de 47 anos, apontado como autor de agressões usando arma, máquina de choque e taco de basebol, está preso. Os atos de tortura contra duas pessoas foram gravados em vídeo e as imagens integram o inquérito aberto pela 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP).

A investigação apura os crimes de extorsão e tortura e foi iniciada a partir de uma ocorrência de tráfico de drogas. O homem de 47 anos havia sido preso com porções de cocaína no fim de agosto. Na casa dele, no bairro Planalto, dias depois, agentes da 1ª DP cumpriram um mandado de busca e apreenderam porções de cocaína, munições e um veículo.

Torturas gravadas em vídeos

Em um celular apreendido na moradia do preso foram encontrados vídeos de tortura contra dois homens. A suspeita é de que as imagens tenham sido gravadas entre junho e agosto.

Um dos materiais tem dois minutos e mostra um homem de joelhos, com as mãos amarradas e o rosto ensanguentado, em uma rua sem movimentação, durante o dia. Posteriormente, a investigação apurou que o local fica no bairro Desvio Rizzo.

—  Isso aqui é o cara que deve pra agiota— diz o autor das agressões, com o rosto encapuzado, antes de dar cerca de oito coronhadas no rosto da vítima e cinco pisões na cabeça.

Ele complementa, com o homem já desmaiado no chão:

— Deveu pra agiota é assim.

A agressão segue com uma sequência de choques, até o homem recuperar a consciência.

— Olha o que acontece com quem mexe com agiota aqui nas bandas — diz, em outro trecho da gravação.

A máquina de choque para de funcionar, o que irrita o agressor, que desfere mais chutes nas costas do homem.

— Não faz isso, por favor — suplica a vítima, entre gritos de dor.

Reprodução / Reprodução
Reprodução / Reprodução

Em outro vídeo, com 55 segundos de duração, um homem aparece no chão, recebendo golpes de bastão nas pernas, com o rosto ferido e ensanguentado. A gravação foi feita à noite, em local desconhecido. Neste caso, a suspeita da polícia é de que a dívida esteja relacionada à dívida de drogas.

O homem é atingido por oito golpes de bastão. Ele implora para as agressões cessarem.

— Então, agora, pra ti não morrer: tu pegou ou não a droga? Não pegou? Quem pegou, então? — questiona um dos agressores.

À frente da investigação, o delegado Rodrigo Kegler Duarte explica que os dois homens agredidos não deram entrada em serviços de saúde e nem mesmo registram boletim de ocorrência. A morte deles também não é considerada pela Polícia Civil.

— Apreendemos os instrumentos e a roupa que ele (o homem preso) utilizou para praticar esses atos. Mas não sabemos quem são essas vítimas — detalha.

Agiotas vendem dívidas para facções, aponta investigação

O objetivo da investigação é identificar as vítimas torturadas para chegar nos demais personagens envolvidos no esquema. O que a Polícia Civil já sabe é que são três figuras principais na prática dos crimes: o agiota, as facções e os executores.

O entendimento do delegado Duarte é de que depois de emprestar o dinheiro, os agiotas vendem as dívidas para facções, as quais, para obter lucro, cobram da vítima valores ainda mais superfaturados. O agressor, por sua vez, pratica a violência a mando da organização, sem necessariamente conhecer o “devedor”.

A crueldade empregada chama atenção da polícia. Segundo o delegado, em investigações anteriores, as cobranças ocorriam por meio de violência psicológica, a partir de ligações e envio de mensagens sobre a rotina da vítima e dos familiares dela.

Quando chega na tortura, é um passo pra morte

DELEGADO RODRIGO KEGLER DUARTE

Titular da 1ª Delegacia de Polícia de Caxias do Sul

— Eu nunca tinha visto um vídeo de cobrança aqui em Caxias desse nível aqui. O problema é que está ficando comum. E quando chega na tortura, é um passo pra morte — diz Duarte.

As investigações ainda indicam que quem contrai dívidas de agiotas geralmente são pequenos e médios empresários.

Denúncias

Qualquer informação sobre os grupos criminosos ou sobre as vítimas das extorsões podem ser encaminhadas para o WhatsApp (54) 98414-1808 da 1ª DP. O sigilo é garantido.

Fonte : GZH 
Foto : Reprodução / Reprodução

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