Colorado tem quatro triunfos no Beira-Rio que lhe garantiram a classificação na competição continental após perder o jogo de ida
Se tudo acontecer dentro da normalidade, o Inter será eliminado para o Flamengo no final da noite desta quarta-feira (20). Está 1 a 0 para os cariocas, que têm o grupo de jogadores mais caro e badalado da América do Sul e vive o melhor momento. Quase todos os reservas seriam titulares em qualquer time do Brasil.
Só que, se depender de quase 50 mil colorados, o 20 de agosto de 2025 não será uma noite normal. Vejam bem: não se está falando de noite inédita. Fala-se em especial.
A partir das 21h30min, os gaúchos tentam, pela quinta vez em sua história, transformar a derrota da partida de ida em uma classificação épica no Beira-Rio.
Das outras quatro vezes que o Inter conseguiu a façanha, em metade delas levantou o troféu. A primeira foi em 2006, nas quartas de final. Na ida, derrota para a LDU em Quito por 2 a 1. Então, o calendário parou para a Copa do Mundo.
Precisa fazer valer o Beira-Rio.
ÉLDER GRANJA
Lateral-direito do Inter campeão da Libertadores de 2006
Mais de um mês depois, na partida de volta, Rafael Sobis e Rentería marcaram os gols do 2 a 0 que serviu para o time iniciar a arrancada rumo ao título.
— A LDU costumava golear na casa deles, por causa da altitude, e quando nós fomos lá, jogamos bem e perdemos por 2 a 1 de virada. Sabíamos que na volta conseguiríamos ganhar porque éramos muito fortes e estávamos muito focados. Acho que é por aí, agora. Precisa fazer valer o Beira-Rio — aponta o lateral-direito daquele jogo Élder Granja.
Em 2010, eram as oitavas de final. Banfield versus Inter. Os então campeões argentinos abriram 3 a 1 em casa na ida. Na volta, com a força do Beira-Rio, os comandados de Jorge Fossati alcançaram o 2 a 0 necessário para avançar (na época, o gol marcado fora de casa era critério de desempate).
Alecsandro e Walter marcaram os gols em uma noite em que tudo deu certo em Porto Alegre. A campanha culminou com o Colorado erguendo a taça pela segunda vez.
Nas outras duas vezes, não veio o título, mas é improvável que qualquer torcedor tenha esquecido das sensações. Contra o Santa Fe, em 2015, o Inter levou um gol no último lance da partida de ida, na Colômbia.
Na volta, abriu o placar no primeiro ataque, antes dos cinco minutos, e incendiou o Beira-Rio. Nos instantes finais, um gol contra em cobrança de escanteio foi o que o time precisava para ir às semifinais.
A última virada foi 2023. Também oitavas de final. Também contra um adversário considerado superior. Contra o River Plate, levou 2 a 1 no Monumental de Nuñez. No Beira-Rio, as ruas de fogo incendiaram o time para repetir o placar da ida, invertendo o vencedor. O placar levou a disputa aos pênaltis.
E depois de 20 cobranças, com direito a troca de lado porque uma das marcas estava desgastada de tanto chute, Rochet foi o herói da noite ao converter sua cobrança, garantindo ao Inter sua primeira classificação em pênaltis na história da Libertadores.
Mas será preciso mais. É necessário algo que pode até vacilar, mas nunca cessa. E o treinador Roger Machado sabe o que é:
— O amor da torcida que está sempre com o time em todos os momentos, principalmente na adversidade.
As inspirações estão no próprio Inter. A adversidade é superar o líder do Brasileirão. A chave da vitória está escondida em algum lugar da anormalidade.