Ramón Díaz é o técnico escolhido para melhorar o desempenho do time no Brasileirão
A terça-feira (23) do Inter começou com Luis Zubeldía como o mais cotado para assumir o lugar de Roger Machado e encerrou com Ramón Díaz. O clube está acertado com o experiente treinador argentino, com contrato estipulado até o final de 2026.
O nome de Zubeldía perdeu força após surgir o interesse da seleção do Peru em seus serviços. Enquanto isso, as conversas com Ramón Diáz avançaram. O objetivo de Alessandro Barcellos e companhia é que o novo treinador esteja na casamata do Alfredo Jaconi no sábado (27), na partida contra o Juventude pelo Brasileirão.
O comentarista esportiva do portal UOL e do canal BandSports Arnaldo Ribeiro observa que a direção colorada mostrou interesse em técnicos com perfis distintos:
— Trata-se de uma questão de estilos, gerações e comportamentos bem diferentes. Ramón Diaz é mais tradicional, trabalha com o filho. É aquela escola antiga dos treinadores argentinos, e o Zubeldía é de uma escola mais recente.
Aos 66 anos, Ramón Díaz seria um aceno da direção colorada à experiência. No Brasil, além de passagem sem sequer estrear pelo Botafogo, fez campanhas de recuperação nos anos em que assumiu Vasco e Corinthians, livrando-os do rebaixamento.
O trabalho mais recente de Díaz foi curto. Anunciado em 17 de julho no Olimpia, gigante do Paraguai, pediu demissão em 24 de agosto. No clube foram sete partidas: duas vitórias, dois empate e três derrotas.
Na Argentina, ele pelo título da Libertadores de 1996 com o River Plate, clube pelo qual também ganhou seis vezes o Campeonato Argentino. A lista de conquistas de Ramón Díaz é tão longa que lhe cabe um lugar na história: é o treinador argentino com mais títulos conquistados. São 17 taças erguidas.
No seu país, também foi campeão nacional com o San Lorenzo em 2007, um ano antes de chegada de D’Alessandro ao clube. Foi Díaz quem apresentou o ídolo colorado quando da sua chegada ao Nuevo Gasómetro.
A ligação entre o atual diretor esportivo do Inter e o treinador se iniciou anos antes no River Plate. Inclusive, a relação entre os dois teria influenciado na escolha colorada.
No Vasco, em 2023, assumiu o clube em julho com apenas nove pontos no Campeonato Brasileiro. Ao fim do campeonato somou 45, terminando em 15ª lugar e escapando do rebaixamento. Na temporada seguinte, no entanto, oscilou e foi demitido.
— A passagem dele (Ramón Díaz) se iniciou muito bem, cumprindo o objetivo de 2023, que foi livrar do rebaixamento, mas ele faz um 2024 muito ruim — conta o jornalista Joel Silva do canal Colina em Foco e, completa sobre sua chegada:
— Ele chega em 2023 com o Vasco lutando para não cair, naquela ocasião inclusive apontado como rebaixado praticamente. O que ele conseguiu fazer, através da sua experiência, foi um grande trabalho de mobilização.
Logo depois, foi anunciado pelo Corinthians, clube que assumiu em julho de 2024. Então, comanda uma arrancada do rebaixamento à zona de pré-Libertadores. Neste ano, conquistou o Paulistão. Porém, o treinador não resistiu à arrancada ruim no Brasileirão e foi demitido em 17 de abril.
— O Ramon Díaz é um cara de mais curto prazo, mas também fez um bom trabalho no Corinthians, guardando as proporções. Ele pegou um Corinthians rico em termos de elenco. O clube um caos, mas o time forte — aponta Arnaldo Ribeiro, e completa:
— Acho que a saída dele é muito mais por causa da confusão política pela qual passava o Corinthians e por o Dorival Júnior estar disponível do que propriamente de uma questão de uma má campanha.
Uma vez concretizada a negociação, Ramón Díaz trará ao Inter seu filho e auxiliar técnico, Emiliano Díaz, e o preparado físico Diego Pereira, brasileiro que trabalha com os argentinos desde 2020. Outro assistente e um analista de desempenho também devem formar a comissão técnica.
A relação de Ramón Díaz com o filho é algo bastante marcante nos recentes trabalhos do argentino. O jornalista Rodrigo Vessoni, do portal Meu Timão, diz que eles são praticamente uma única pessoa.
— O Ramón deixa muita coisa com o filho, incluindo bastante o dia a dia dos treinos. Às vezes na coletiva, quem fala é o filho e não ele. Isso é importante, você não está contratando o Ramón Díaz, está contratando o Ramón e o Emiliano — enfatiza.
Sobre o estilo de jogo, Vessoni explica que Díaz utilizou um 4-3-1-2 no Corinthians. Além de contar com Mamphis Depay e Yuri Albert na frente, tinha na figura de Rodrigo Garro o principal articulador.
— Ao perder o Garro ficou muito complicado, eles tiveram muita dificuldade, mesmo assim chegaram na final (do Paulistão) e foram campeões — ressalta.
Assim, entre o sanguíneo e jovem Luis Zubeldía e Ramón Díaz, o Inter apontou para o que representa mais experiência para fazer o time subir na tabela e mirar voos mais alto no Brasileirão.