Chacina da Cohab: o que acusação e defesa levarão ao júri de irmãos apontados como mandantes do crime - Agora Já -

Chacina da Cohab: o que acusação e defesa levarão ao júri de irmãos apontados como mandantes do crime



Fernanda e Claudiomir Rizotto enfrentam acusações de homicídio qualificado contra três vítimas

Foto: Diênifer Padia (E), Alessandro e Kétlyn foram mortos por asfixia na noite de 19 de maio de 2020 . Montagem sobre fotos: / Arquivo Pessoal
13 de novembro de 2025

O quarto júri popular do caso conhecido como Chacina da Cohab de Passo Fundo, no norte do RS, começa nesta quinta-feira (13). No banco dos réus estarão os irmãos Fernanda Rizotto e Claudiomir Rizotto, apontados como mandantes do crime que resultou nas mortes de Diênifer Pádia, Alessandro dos Santos e Kétlyn Pádia dos Santos em maio de 2020.

Mais de cinco anos após o crime, Eleandro Rosso e Luciano Costa já foram condenados pelas três mortes. No entanto, Fernanda e Claudiomir Rizotto vão ser julgados pela primeira vez: ficaram foragidos por mais de quatro anos e foram presos apenas no final de 2024.

Acusações e provas

Polícia Civil / Divulgação
Esconderijo de Fernanda e Claudiomir Rizzotto, no interior de São Francisco de Paula, a 360 quilômetros de Passo Fundo.Polícia Civil / Divulgação

De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), Fernanda era casada com Eleandro Rosso, que teve um relacionamento extraconjugal com Diênifer, uma das vítimas. A investigação aponta que Fernanda e o irmão Claudiomir planejaram a morte de Diênifer ao contratar Luciano Costa, que teria contratado os executores.

Na noite de 19 de maio de 2020, Dienifer Pádia, de 26 anos, o cunhado Alessandro dos Santos, de 35, e a filha dele, Kétlyn Pádia dos Santos, de 15, foram assassinados no bairro Cohab.

A acusação, representada pela família das vítimas, busca a responsabilização de todos os envolvidos. O advogado Gustavo da Luz enfatiza a importância deste julgamento para o encerramento do caso:

— É um fechamento da responsabilização de todas as pessoas que tiveram não a ação direta na execução, mas sim a ação intelectual e a ação moral de orquestrar todo esse crime bárbaro e levar Diênifer, Kétlyn e Alessandro à morte. Nossa expectativa é a condenação de Fernanda e de Claudiomir.

Após a captura de Fernanda e Claudiomir no final de 2024, o conteúdo do celular de Fernanda foi extraído. Mais de 3.600 páginas de conversas entre ela, foragida, e o então marido, Eleandro Rosso, já preso, foram encontradas. Segundo Gustavo da Luz, nessas conversas, Fernanda reconheceria a autoria do crime por diversas vezes.

— Ela reconhece que vai tentar eximir o irmão da responsabilidade no julgamento desta quinta-feira, o que ela mesma reconhece ser mentira. Além disso, ela ainda abre vertentes de que outros familiares de Eleandro também colaboraram, moralmente e financeiramente, na execução desses crimes — afirma o advogado.

As defesas dos réus

A defesa de Fernanda Rizotto, por meio da advogada Andrea Tavares, espera que o júri represente o fim do caso e termine com uma sentença justa.

— Defendemos a quebra de cadeia de custódia e vamos trabalhar as situações do fato, a motivação de tudo isso, algo que até agora não foi abordado. A Fernanda está tranquila, ela mesma tem dito no processo que está cansada de tudo isso, porque também sofreu — declarou, ressaltando a busca por um resultado justo, de acordo com as provas e teses apresentadas.

Já o advogado de Claudiomir Rizotto, Edmundo Brescancin Vieira, afirma que manterá a mesma estratégia de sempre.

— Claudiomir tem a mesma versão do início ao fim e nunca se omitiu de falar. Nosso trabalho é mostrar aos jurados os principais pontos desse processo delicado, longo e complexo, para que eles tenham o melhor julgamento possível, o mais justo possível. O objetivo sempre foi o mesmo: a absolvição de Claudiomir — explicou.

O júri está marcado para começar às 9 horas desta quinta-feira, no Fórum de Passo Fundo.

Relembre o caso

Na noite de 19 de maio de 2020, três pessoas da mesma família foram encontradas mortas dentro de casa, na Rua Ernesto Ferron, bairro Cohab, em Passo Fundo. As vítimas eram Alessandro dos Santos, 35, sua filha Kétlyn Padia dos Santos, 15, e a tia da adolescente, Diênifer Padia, 26.

O alvo do crime era Diênifer, enquanto as outras duas vítimas foram assassinadas como queima de arquivo. Na hora do crime, havia seis pessoas na casa. As três que foram mortas e mais três crianças, filhas de Diênifer.

Na casa dos fundos, estava a esposa de Alessandro. Uma das crianças, de seis anos, foi quem saiu do local, avisou os vizinhos e pediu ajuda.

Quando a polícia chegou à casa, encontrou as três vítimas já sem vida. Elas foram asfixiadas com o uso de enforca-gatos. Os três foram sepultados em 20 de maio daquele ano.

Os autores seriam dois homens que estiveram na casa anteriormente, com o pretexto de ver um móvel que estava à venda. Eles nunca foram identificados.

Em julho daquele ano, a polícia indiciou cinco pessoas. Destas, três foram julgadas e duas condenadas:

  • Eleandro Roso, marido de Fernanda, foi julgado em 2022 e condenado a 69 anos e seis meses de reclusão por envolvimento nas mortes.
  • Luciano Costa dos Santos passou por dois julgamentos. O primeiro, realizado em 2023, foi anulado por contradições no resultado. O segundo júri aconteceu em setembro deste ano e condenou Costinha a 57 anos de prisão.
  • Monalisa Kich, companheira de Luciano à época do crime, também foi julgada em 2023 por envolvimento no crime, mas foi absolvida.
  Fonte : GZH 
Foto : Montagem sobre fotos: / Arquivo Pessoal

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