Produtor de Caseiros perdeu 78 animais somente neste ano. Casos de Marau e Muitos Capões foram parar na polícia
A presença de matilhas de cães no campo tem causado prejuízos na criação de ovelhas em todo o Rio Grande do Sul. Na Região Norte do RS não é diferente.
Somente neste ano, o produtor Alessandro Muliterno, de Caseiros, perdeu 78 animais por conta dos ataques. O extermínio representa um rombo de cerca de R$ 60 mil na propriedade.
— Não estou nem contabilizando os cordeiros e outros serviços para curar os que ficam. Nós estamos perdendo os animais desta forma há muito tempo, mas no último ano intensificou. Do ano passado para cá foram cerca de 150 ovelhas a menos no rebanho, ou seja, em torno de R$ 110 mil. A grande maioria, se não é macho, são ovelhas que estavam prenhas — conta.
Conforme o produtor, que também é médico veterinário, muitos animais já são encontrados mortos, geralmente dentro da água, onde tentam se refugiar. Já os que sobrevivem, dificilmente são salvos.
— O dente do cachorro é muito contaminado. Então, as que são mordidas é difícil salvar. Além de mutilada, porque eles arrancam o focinho e outras partes, ela tem uma infecção secundária muito grande — explica.
As primeiras mordidas geralmente são nos tendões, fazendo o animal cair e não conseguir se defender.
Por ter um rebanho com 300 ovelhas, Alessandro diz que durante o dia elas ficam soltas no campo, sendo recolhidas somente no final da tarde.
— Esses cães são de pessoas que caçam. Invadem a terra e matam os animais. Eles têm dono, só que na hora de cobrar ninguém é mais dono. Os cães têm que ser chipados — afirma o produtor.
Assim como outros casos no Estado, a situação da propriedade do Alessandro chegou até a Rede de Proteção Ambiental e Animal (Repraas). Conforme Vladimir da Silva, diretor da ONG de Teutônia, a maioria dos cães é utilizada para caça e acabam se perdendo dos donos, que não voltam para buscá-los.
— Esse cão se torna selvagem porque para de ter contato com o ser humano e começa a ser um predador natural, matando vários animais silvestres. Muitos cães das comunidades saem em bando e vão para o meio do mato, porque eles são muito circulares. Formam esses grupos e atacam as ovelhas — esclarece.
Um documento relatando os casos está sendo produzido pela Repraas e deve ser entregue às autoridades.
— Seria importante que os municípios criassem um programa de chipagem dos animais, porque assim teriam como responsabilizar se for descoberto quem é o dono — pontua o diretor.
Apesar do relato de diferentes casos no norte gaúcho, somente dois foram registrados oficialmente na Polícia Civil durante os primeiros meses do ano. Um foi Marau e outro em Muitos Capões, informou o diretor da Divisão de Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato (Dicrab), Heleno dos Santos.
— Uma das orientações que fazemos é de as vítimas registrarem. A Polícia Civil planeja suas ações baseando-se em ocorrências policiais. Se não temos registros feitos, é como se não houvesse problema na área — enfatiza.
Ainda segundo Santos, através dos registros também é possível coordenar ações e realizar orientações a órgãos estaduais e municipais, a fim de minimizar o problema.