Texto foi aprovado pelo Congresso Nacional na semana passada, mas ainda precisa da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar em vigor
O Congresso Nacional aprovou na semana passada um projeto de lei que promove mudanças importantes no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com impacto direto para quem pretende tirar a primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O texto também altera as regras sobre transferência de veículos e o uso de recursos de multas de trânsito.
Apesar da aprovação pelo Congresso, o projeto ainda depende da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo pode sancionar integralmente, vetar partes específicas ou até barrar totalmente o texto aprovado. A decisão final ainda não foi tomada.
Entre as medidas previstas, o texto amplia a exigência de exame toxicológico para todas as categorias da CNH, inclusive as mais comuns — A e B, usadas por motociclistas e motoristas de automóveis particulares.
Também permite que parte do valor arrecadado com multas seja destinada à gratuidade da CNH para pessoas de baixa renda e autoriza a transferência de veículos por meio eletrônico com validade nacional.
Confira abaixo, em formato de perguntas e respostas, os principais pontos do projeto e o que muda caso ele entre em vigor por completo:
Todos os candidatos a motoristas em todas as categorias — de A a E.
Hoje, o exame é obrigatório apenas para condutores das categorias C, D e E, tanto na primeira habilitação quanto nas renovações. Com a nova regra, ele passa a ser exigido também na obtenção da primeira CNH nas categorias A (moto) e B (carro particular).
O exame toxicológico deverá ser apresentado como condição para se ter permissão para dirigir, ou seja, ainda durante o processo de obtenção da primeira habilitação.
Segundo o projeto, o exame poderá ser realizado em laboratórios credenciados ou com coleta feita em clínicas médicas que já estejam autorizadas a aplicar os exames de aptidão física e mental, desde que tenham espaço próprio e segregado para a coleta.
O exame toxicológico busca identificar o uso de substâncias como:
O texto aprovado pelo Congresso não traz essa especificidade. Os parlamentares também não deliberaram sobre as quantidades.
A validade será de 90 dias, contados a partir da data da coleta da amostra, com análise retrospectiva mínima de três meses.
Sim. E poderá ser um impeditivo para a emissão da CNH.
O projeto autoriza o uso de recursos arrecadados com multas de trânsito para custear o processo de habilitação de pessoas de baixa renda. Isso inclui todas as despesas, como taxas, exames e aulas, para a obtenção da primeira CNH.
A gratuidade será voltada para quem estiver inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), que reúne informações de famílias em situação de vulnerabilidade social.
De acordo com o texto, os valores virão diretamente da arrecadação com multas de trânsito, o que representa uma mudança na destinação desses recursos, atualmente usados exclusivamente para sinalização, fiscalização, engenharia de tráfego e educação no trânsito.
O projeto autoriza que toda a transferência de propriedade de veículos possa ser feita de forma eletrônica, com validade nacional, usando assinaturas digitais qualificadas ou avançadas, conforme regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
A transferência poderá ocorrer em plataformas dos próprios Detrans estaduais ou da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Quando feita pela plataforma da Senatran, a transferência terá validade obrigatória em todo o Brasil.
Não. O projeto proíbe que empresas com atuação direta ou indireta na compra, venda, financiamento ou registro de veículos sejam responsáveis pelas plataformas de assinatura eletrônica utilizadas para a transferência.
Sim. A vistoria de transferência poderá ser feita de forma eletrônica, a critério dos Detrans de cada estado ou do Distrito Federal.
Não. Mesmo com a aprovação pelo Congresso, o projeto ainda depende da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo pode sancionar integralmente, vetar partes específicas ou até barrar totalmente o texto aprovado. A decisão final ainda não foi tomada.
Aqui no Rio Grande do Sul, o Detran afirma que “aguardará a decisão federal para dar cumprimento ao que for determinado”.