Dois demitidos, decisão conjunta e erros: os bastidores da chuva de papel em Inter x Flamengo - Agora Já -

Dois demitidos, decisão conjunta e erros: os bastidores da chuva de papel em Inter x Flamengo



Ação, que teve consentimento da diretoria, não ocorreu conforme havia sido planejada

Foto: Chuva de papel atrasou início da partida. Renan Mattos / Agencia RBS
22 de agosto de 2025

O Conselho de Gestão e as áreas de marketing, comunicação, patrimônio, relacionamento social e operação de jogo do Inter sabiam que haveria uma chuva de papel picado antes da partida contra o Flamengo, na quarta-feira (20). A reunião que definiu o que se chama de “ambiental” foi registrada em vídeo e dela saiu a definição do processo para executar a ação. E que não foi cumprido. Dois funcionários foram demitidos nesta quinta-feira (21).

O plano teve início uma semana atrás, logo após a derrota na partida de ida da Libertadores, no Rio. E teve relação com uma ideia das organizadas do Inter de um tempo ainda anterior. Na disputa da Copa do Brasil, contra o Fluminense, elas haviam preparado uma recepção na entrada em campo com muito papel picado, que acabou vetada pela Brigada Militar.

Com a ideia de aproveitar o material à disposição, tanto relacionamento social quanto Conselho de Gestão sugeriram usar contra o Flamengo. E tiveram a anuência da operação de jogo.

Para isso, porém, alpinistas teriam que ter acesso ao catwalk da cobertura do Beira-Rio e precisariam, necessariamente, lançar o papel de cima da Avenida Padre Cacique. O vento se encarregaria de tirar o material do gramado.

Para atender a solicitação do clube como um todo e dar um aspecto de grandiosidade, foram comprados mais papéis picados, algo em torno de 45 quilos, em um investimento de R$ 2,3 mil.

Erros consecutivos

Só que houve um erro na execução. O papel laminado comprado para a festa não voa como jornal ou outras folhas. Ele gruda no gramado e não é expelido com facilidade pelos sopradores. Esse foi o maior problema.

Os nove alpinistas estão acostumados a prestar serviços no estádio foram cadastrados para acessar o local, que é pela entrada da Avenida Beira-Rio, do lado oposto ao combinado. Porém, houve um atraso na subida à cobertura — realizada por uma escada localizada abaixo de um das membranas do estádio. E, por conta desse atraso, o material foi lançado da posição errada.

Outro erro foi que os dois sopradores à disposição só seriam suficientes caso o papel voasse da Padre Cacique e não houvesse chuva de prata. Lotando o gramado, tornaria a missão impossível.

Quando perceberam o equívoco, funcionários da operação de jogo e do patrimônio, pressionados pela Conmebol, tomaram medidas extremas. O uso das redes, prática comum para limpar o gramado, foi o que deu a resolução definitiva para o problema.

Ao longo do dia, o Inter bateu cabeça para entender o que ocorreu. Reuniões, broncas, vídeos, tudo foi revisado. Cada departamento tentou se eximir da culpa e passar a responsabilidade para outro. Mas, no fim, à exceção do futebol, todos sabiam do show.

Indignação

O futebol, aliás, foi um dos setores mais indignados. Eles entendem que o atraso prejudicou a torcida e, por consequência, o time. Ainda que todos entendam que o Flamengo jogou melhor em qualquer cenário.

Os próximos a se preocuparem serão os integrantes do departamento jurídico. Por mais que existisse uma liberação da Conmebol para a festa, a consequência da má execução custará uma multa pesada aos cofres colorados.

Um cenário otimista prevê 20 mil dólares (quase R$ 120 mil) de desconto das cotas que o clube tem direito pela participação na Libertadores. No pior deles, pode ocorrer perda de mando de campo ou portões fechados.

No início da noite desta quinta, o clube divulgou uma nota sobre o ocorrido. Na manifestação, o Inter reforça que a ação deveria ter ocorrido em outro setor do estádio, em menor volume e sem o material prateado.

A nota do Inter na íntegra

Sobre o episódio dos papéis picados, o Inter informa que projetou a ambientação de jogo para recepcionar o time e a torcida no duelo contra o Flamengo, pelas oitavas de final da Libertadores, com ações como CO² nas laterais e atrás das goleiras, balões tubulares em áreas do estádio e bandeirões das torcidas organizadas, além do papel picado, todos devidamente previstos e liberados pelo regulamento da Conmebol. 

Entretanto, a ação deveria ter ocorrido em outro setor do estádio, em menor volume e sem o material prateado. Apuramos internamente que foram tomadas decisões não autorizadas pelo Clube na execução da ação. Os responsáveis foram identificados e as medidas cabíveis já foram aplicadas.

Fonte : GZH 
Foto :Renan Mattos / Agencia RBS

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