Áudios sugerem o envolvimento de Karina Milei, irmã e braço direito do presidente Javier Milei, em um esquema de subornos
O governo argentino está no centro de um escândalo de corrupção após o vazamento de áudios que sugerem o envolvimento de Karina Milei, irmã e braço direito do presidente Javier Milei, em um esquema de subornos. A investigação, que ainda não tem acusados formais, alega a cobrança de propina na compra de medicamentos para pessoas com deficiência. A crise é especialmente sensível, pois a irmã do presidente é sua secretária da Presidência e confidente, a quem ele se refere carinhosamente como “O Chefe”.
O caso explodiu em meio à campanha eleitoral para as eleições legislativas na Argentina, adicionando uma camada de complexidade política ao cenário já conturbado.
Os principais pontos da investigação
A suposta trama de corrupção veio à tona com áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, então diretor da Agência Nacional de Deficiência (Andis), que foi demitido após a divulgação. Nas gravações, uma voz que seria a de Spagnuolo acusa Karina Milei de receber 3% do valor pago pela Andis à drogaria Suizo Argentina na compra de medicamentos. A mesma voz afirma que 1% adicional seria destinado para “a operação” e que os envolvidos no esquema levariam “de meio milhão para cima por mês”, referindo-se a cerca de US$ 500 mil.
Além de Karina, o braço direito dela, Eduardo “Lule” Menem, sobrinho do ex-presidente Carlos Menem, também é mencionado no suposto esquema. Em uma das 16 buscas ordenadas pelo juiz Sebastián Casanello, um dos donos da drogaria, Jonathan Kovalivker, foi flagrado com US$ 266 mil em envelopes.
Reações do governo e o impacto nas eleições
Até o momento, Karina Milei não se manifestou publicamente sobre o escândalo. No entanto, o presidente Javier Milei defendeu a irmã, afirmando que as declarações nos áudios são “mentira” e que “vamos levá-lo à Justiça e provar que mentiu”. A Secretaria de Comunicação da Presidência, por sua vez, acusou a oposição de utilizar o caso para fins políticos em um ano eleitoral.
O escândalo ocorre em um momento delicado para Milei, que enfrenta eleições legislativas e provinciais cruciais em outubro. A aprovação do presidente será testada após as medidas de austeridade de seu governo, que cortaram gastos públicos, incluindo o setor de pessoas com deficiência.
Consequências econômicas e políticas
A revelação da suposta corrupção impactou negativamente os mercados: a bolsa de Buenos Aires recuou, o peso argentino está sob pressão e o risco-país subiu. O caso também sucede um revés político para Milei, cujo veto a uma lei de Emergência em Deficiência foi anulado pelo Congresso.
A drogaria Suizo Argentina negou qualquer irregularidade, afirmando em comunicado que agiu “com total cumprimento das normas e leis vigentes”. O texto foi republicado por Javier Milei em suas redes sociais.