Roger Machado perdeu peças e estuda alterar sistema do time; veja as possibilidades
— Pode. Tudo pode.
Foi esse o começo da resposta de Roger Machado, após a vitória sobre o Fortaleza, à pergunta sobre a possibilidade de o Inter mudar a formação e o estilo de jogo nessa pausa da data Fifa. O time poderá apresentar um sistema tático diferente, saindo do modelo com dois ponteiros e um centroavante para incluir uma dupla de ataque ou um trio de zagueiros.
O 3-5-2 em início de jogo foi utilizado por Roger uma vez na atual temporada. Diante do São Paulo, o técnico escalou uma equipe reserva com três defensores de origem. Naquele dia, que inclusive terminou com derrota por 2 a 1, a explicação do treinador foi que estava tentando espelhar um adversário mais entrosado. Mas lembrou que já havia testado essa alternativa outras vezes.
— Meu trabalho como técnico é achar soluções. Já joguei com linha de cinco antes, seja com três zagueiros ou com um volante entrando na defesa — lembrou.
A primeira vez que usou essa estratégia foi no segundo tempo do Gre-Nal da final do Gauchão. Quando ainda tinha Fernando, frequentemente baixava o volante para a zaga em nome de fortalecer a área.
Para Cláudio Duarte, ex-técnico do Inter, é importante ressaltar que Fernando era o jogador escolhido. Isso porque trata-se de um volante de origem, um ponto fundamental da formação.
— Quando surgiu o 3-5-2, na Europa, demoramos a entender que o terceiro zagueiro deveria ser alguém cuja origem é do meio-campo. Os dois stoppers pegam os atacantes e o líbero marca o espaço e a bola. Por isso, é bom que seja alguém com essa noção de meio-campo. É uma das razões que enganam as pessoas que pensam ser uma formação defensiva. Pelo contrário, é ofensiva — aponta.
Isso porque, em sua visão, o terceiro elemento na defesa permite que os laterais virem alas e deem peso ao ataque. Inclusive ambos aos mesmo tempo.
A outra alternativa tática sondada é a de abrir mão de dois pontas e usar uma dupla de ataque. Sem Wesley, Roger pode mudar o desenho do ataque e voltar ao velho modelo de dois atacantes, como vem sendo usado no Palmeiras, por exemplo.
— Talvez, com menos alternativas, busquemos uma nova formação com o que temos de característica no grupo — completou.
Essa decisão ajudaria também nessa composição ofensiva especialmente com Bernabei. Com pontas de origem, é necessário calibrar bem o movimento entre ele e o ponteiro. Sem essa figura, fica mais fácil para o ala ocupar a linha de fundo e deixar o atacante por dentro.
Claudião, que usou múltiplos esquemas durante sua trajetória de treinador, finaliza chamando a atenção para um tema:
— Mais importante do que o sistema é entender a característica dos jogadores à disposição. É isso que vai definir o jeito de jogar.