Policial rodoviário do RS é um dos indiciados por ação que resultou na morte de 26 pessoas em MG - Agora Já -

Policial rodoviário do RS é um dos indiciados por ação que resultou na morte de 26 pessoas em MG



Operação combatia grupo suspeito de assaltar bancos, inclusive em solo gaúcho

Foto: Arsenal apreendido com os suspeitos incluía até três armas antiaéreas. Polícia Militar / Divulgação
29 de fevereiro de 2024

A Polícia Federal (PF) concluiu inquérito que investigou a conduta de agentes da segurança pública em uma operação contra um grupo suspeito de assaltos a bancos, em outubro de 2021, realizada no município mineiro de Varginha. Entre os 32 indiciados por homicídio qualificado, tortura e fraude processual, há um policial gaúcho.

A operação, ocorrida há dois anos e meio, resultou em 26 mortos. Ao todo, 32 pessoas foram indiciadas, sendo 16 policiais rodoviários federais e 16 policiais militares. Nenhum agente da segurança pública ficou ferido.

O inquérito aponta que 500 tiros foram disparados nos dois sítios onde houve atuação da polícia contra os criminosos, dos quais 20 foram atribuídos aos ladrões. Porém, a PF aponta que evidências indicam que esses tiros também foram disparados pelos policiais, a fim de confundir a perícia.

“Aproximadamente 500 disparos (foram) efetivados pelos agentes do Estado. Aproximadamente 300 cartuchos deflagrados (foram) encontrados pela perícia. Somente 20 disparos (foram) atribuídos às armas dos roubadores. Neste cômputo, há de se ressalvar aquelas para as quais as evidências apontam para tiro simulado perpetrado pelos próprios policiais”, diz o relatório, que também identificou adulteração do local do crime e realização de tortura por parte dos agentes de segurança.

Entre os indiciados, está o chefe da Seção de Operações da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio Grande do Sul, Roger Lemos. Na época da ação, ele era chefe do Núcleo Grupo de Resposta Rápida da corporação no Brasil.

O inquérito corre em segredo de justiça, mas a coluna teve acesso ao relatório. Lemos foi indiciado como coautor (quis e contribuiu para a morte) em 16 homicídios qualificados. A perícia confirmou o encontro de 35 vestígios da sua atuação em um dos sítios onde estavam os suspeitos.

– Neste momento, abster-me-ei de fazer qualquer pronunciamento, visando a não interferir no curso do processo em questão. Eventuais esclarecimentos serão fornecidos por meio dos nossos representantes legais em momento oportuno. Ademais, reitero minha irrestrita confiança na Justiça – declarou Lemos, em contato com a coluna.

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio Grande do Sul, Anderson Nunes dos Santos, informa que Lemos será mantido atuando no cargo. Porém, ele exercerá apenas atividades administrativas.

– Ele é um profissional exemplar. Uma pessoa trabalhadora. E eu sou obrigado a cumprir o princípio da presunção da inocência. Por que vou colocá-lo só em serviços administrativos? Para protegê-lo dos holofotes – destaca Nunes.

Além da investigação conduzida pela PF, repassada para a Justiça, um processo administrativo disciplinar (PAD) é conduzido pela Polícia Rodoviária Federal. O procedimento chegou a ser arquivado pelo ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, mas foi reaberto na nova gestão.

Ação em Varginha

Com a quadrilha, que estaria se preparando para roubar um banco em Varginha, foi apreendido um arsenal de guerra. O relatório final da Polícia Federal apontou que os criminosos foram surpreendidos com a chegada da polícia e não teriam reagido conforme os agentes de segurança haviam se defendido.

Além dos criminosos – alguns deles suspeitos de ataque a banco no Rio Grande do Sul – o relatório da PF aponta que o caseiro Adriano Garcia não tinha ligação com os bandidos, mas também foi morto.

“A disposição dos corpos também é clara: a equipe policial foi “varrendo” o perímetro e abrindo fogo em quem estivesse à frente. Não se sabia quem era quem. Partiu-se da premissa que eram criminosos e deveriam ser alvejados”, informa o inquérito.

Resposta da PRF

Em nota, a PRF informa que a ação conjunta com a Polícia Militar de Minas Gerais combatia um grupo criminoso dedicado à tomada de cidades, uma estratégia conhecida como “novo cangaço”. Também relata que a corporação tem compromisso com os limites constitucionais, incluindo o princípio da presunção da inocência dos agentes, a garantia ao devido processo legal ao contraditório e a ampla defesa.

“A Polícia Rodoviária Federal colabora com os órgãos competentes para esclarecimento de todos os aspectos da ocorrência”, diz o documento encaminhado à imprensa.

Fonte : GZH 
Foto : Polícia Militar / Divulgação

 


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