Torcida, time e memória: como o Inter acredita que pode passar pelo River Plate - Agora Já -

Torcida, time e memória: como o Inter acredita que pode passar pelo River Plate



Colorados apostam em viradas históricas e no Beira-Rio lotado para tentar a virada contra os argentinos

Foto: Jefferson Botega / Agencia RBS
8 de agosto de 2023

Faz 45 dias que o Inter não ganha um jogo. Já se vão seis anos desde a última vez que o River Plate foi eliminado de uma Libertadores depois de ter vantagem na partida de ida. Os colorados saíram decepcionados dos últimos três mata-matas decididos em casa. O time gaúcho nunca venceu uma disputa por pênaltis em competições internacionais. Há quatro dias, a estrela do grupo teve um desentendimento com um campeão mundial e empurrou um dirigente campeão. Na análise fria, tudo joga contra o Inter no confronto de volta das oitavas de final da Libertadores, contra o River, às 21h desta terça-feira (8), no Beira-Rio. E daí?

Vai dizer para os 50 mil colorados que encherão o Beira-Rio e o entorno desde as primeiras horas do dia que não tem como passar pelo River. Explique à torcida que arrecadou mais de R$ 12 mil para comprar sinalizadores e outros artefatos pirotécnicos para recepcionar o ônibus dos atletas em uma festa de ruas de fogo, que promete ser histórica, que seguir adiante é impossível. Impossível é tirar a esperança de quem já viu o pior e o melhor do futebol. Faz só uma semana desde o jogo de ida, mas pergunte a alguém de camisa vermelha quando tempo ela demorou a passar.

— Estou com ganas de que chegue a terça-feira. Tenho certeza de que vamos fazer um grande jogo. Todos os ingressos estão vendidos, isso nos motiva. O jogo de Libertadores não é normal. Tivemos 80 mil pessoas contra. Agora vamos ter com 50 mil a favor — disse um ilusionado Eduardo Coudet na última entrevista coletiva.

É esse ambiente que pode empurrar o Inter rumo a uma classificação que alguém chamaria de improvável. Essa, aliás, era a palavra usada para definir o confronto com a LDU nas quartas de final de 2006. Era recém o segundo mata-mata de uma equipe que parecia não ter o que precisava para ser campeã. A impressão é de que sempre faltava alguma coisa.

Aquele Inter, mesmo quando era melhor do que os adversários, deixava escapar o resultado (ou sofria com alguma interferência externa). Naquela disputa, atenção para uma coincidência, perdera de virada, por 2 a 1, em Quito. Jorge Wagner abriu o placar, mas Delgado e Graziani deram a vitória ao time do Equador, que teve sete atletas na Copa do Mundo meses antes. Ainda existia a vantagem de avançar quem fizesse mais gols fora, caso o saldo acabasse empatado. Por isso, o 1 a 0 servia. Era nisso que acreditava Geyson Silva, produtor multimídia e professor de escola técnica. Na época com 23 anos, morando em Porto Alegre, não perdia um só jogo. E lembra com detalhes do confronto:

— Foi épico. O primeiro tempo foi de pura apreensão, nervosismo e erros. O segundo foi de êxtase, depois do gol do Rafael Sobis. O do Rentería matou o jogo. Naquele momento, me dei conta: seremos campeões da América.

O Inter acabou ganhando mesmo. Foi uma mudança na história do clube. Como mudou a vida de Geyson nesses 17 anos. Hoje quarentão, mora Dom Pedrito, teve um filho, está em vias de casar.

— Vejo da mesma forma o jogo contra o River. Se passarmos, vamos chegar nas cabeças. Mas teremos de jogar como ainda não fizemos na temporada. Estou confiante. Sonho em levar meu filho (Vinícius, nove anos) ao Beira-Rio. Se der tudo certo, vamos realizá-lo nas quartas de final — completa.

Em 2010, no bi, também foi preciso virar um mata-mata em casa. Também era oitavas de final. Também era o campeão argentino (olha mais coincidências aí). Além do tempo, só haverá uma diferença para o que viveu Lucas Maciel Togni naquele maio, às vésperas de completar 18 anos. Enquanto foi sozinho apoiar o time na virada diante do Banfield, desta vez estará com seu pai, João, nas arquibancadas. O jogo foi o único que não estava ao lado do “velho”, “o homem que passou o que é ser colorado”. Acomodou-se na mureta da inferior e se virou levemente bem na hora do clique da foto de Zero Hora. Mas garante:

— Com certeza era eu. Tenho essa camisa até hoje.

Era outro momento, era outro Inter. Fazia quatro anos que havia erguido a Libertadores, três anos e meio do Mundial, um ano e meio da Sul-Americana. A torcida acreditava porque estava acostumada a isso.

— Tinha 17 anos na época, sabia que viraríamos, éramos muito fortes no Beira-Rio. O estádio pulsava. Foi difícil até o Alecsandro abrir o placar. E o gol do Walter, no segundo tempo, fez tudo vir abaixo. Só parece que levou três horas para acabar depois do 2 a 0. Perdi todas as minhas unhas — brinca.

Na descrição de ZH daquele jogo, um dos destaques é para a torcida, que incentivou do início ao fim. É isso que, 13 anos depois, Lucas pede que se repita. Se o Inter não passa mais a confiança daquele tempo e o adversário é cancheiro, só a arquibancada pode salvar.

— Acredito que, novamente, a atmosfera do Beira-Rio vai ajudar. Teremos a ruas de fogo.  Nós, torcedores que estamos sempre presente no estádio na boa e na ruim, merecemos essa classificação. O importante é todo o estádio apoiar, do início ao fim. Não é para sentar, é para incentivar o tempo todo. Acredito porque ser Inter é isso — finaliza Lucas.

Ser Inter é isso.

Fonte : GZH
Foto : Jefferson Botega / Agencia RBS

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